Não podemos deixar ninguém para trás
Vamos fazê-lo de uma outra forma. Tem de ser, é assim que cumprimos a nossa parte também para conter esta epidemia. E toda a gente vai ter de fazer a sua parte, também nas nossas vidas pessoais. Este é o momento em que não dá para ir para a praia, ir visitar amigos ou ir àquele espetáculo ou àquela festa que já estava marcada há muito tempo, não pode ser. Vamos mesmo ter que ter isolamento social e cumprir todas as indicações da Direção Geral de Saúde.
Apela-se para ligar para a linha da Segurança Social para ter resposta a dúvidas sobre acompanhamento dos filhos ou quando se fica sem trabalhar; para responder a dúvidas; usar sempre informação fidedigna e não ajudar a espalhar rumores ou boatos. Nestas alturas não precisamos de alarme, mas precisamos de responsabilidade e responsabilidade é utilizar os canais certos e a informação que é de confiança.
Precisamos de nos lembrar mesmo que a nossa comunidade não é aquela das redes sociais, não é aquela que está no telemóvel ou no computador, é a que está à nossa volta, a nossa família, os nossos amigos, os nossos vizinhos, apelando ao sentido de entreajuda para proteger a população de risco, por exemplo indo às compras ou à farmácia em vez dos mais idosos ou fragilizados pela doença, ou ajudando as famílias dos profissionais de saúde, porque não vamos mesmo poder dispensar o seu trabalho e vai precisar de ajuda.
É tempo de uns para os outros, umas para as outras. Precisamos de ter toda a responsabilidade com solidariedade porque só como comunidade solidária e responsável podemos ultrapassar esta crise.
Há o vírus e o combate a travar no campo da saúde pública. Mas há também a nossa reação enquanto sociedade e a nossa resposta enquanto comunidade. Uma parte deste combate passa por cada um de nós, individualmente: isolamento e abrandamento das interações sociais, lavar as mãos, evitar tocar nos olhos, nariz e boca.
Outra parte passa por decisões coletivas que estão a ser tomadas: suspender as aulas presenciais, restringir o acesso aos espaços comerciais que concentram muita gente, privilegiar a realização do trabalho à distância, multiplicar canais de informação credível sobre o que se passa. Em tempos de emergência, não devemos olhar a meios para travar esta batalha. Por isso, este combate passa por decisões políticas inadiáveis: reforçar já o Serviço Nacional de Saúde, garantir a autonomia para contratação temporária e aquisição de equipamento, suspender tudo o que não seja urgente, garantir o acesso gratuito à Linha de Saúde 24. É preciso proteger quem trabalha, garantir os salários, o posto de trabalho ou a habitação, são caminhos difíceis e de muita coragem política.
Para que as pessoas possam parar, é preciso que haja condições e que se garantam os seus rendimentos, sob pena de somarmos à crise epidemiológica e sanitária uma crise social.
Não podemos deixar ninguém para trás
Gostaria de saudar as medidas tomadas no nosso concelho, realçar e agradecer o esforço de todas e todos, funcionários do município, profissionais da saúde, bombeiros municipais, IPSS`s empresas que garantem o nosso abastecimento alimentar e de medicamentos, voluntários disponíveis para ajudar o próximo, à comunidade do nosso concelho que de uma forma massiva, elevada e responsável têm respondido aos desafios de todos nós.
Apoiámos e valorizámos todas as medidas de proteção e prevenção da nossa população, Medidas no plano de contingência do município, nomeadamente o cancelamento de iniciativas ou encerramento equipamentos que ponham em perigo a saúde pública através da propagação do coronavírus. Este não é tempo de divergências, mas sim de convergências nestes momentos difíceis e de decisões delicadas.
Parece-nos fundamental um continuo acompanhamento do evoluir da situação no país e no nosso concelho e estar preparado para mediadas que possam ser necessárias no reforço da contenção da propagação do coronavírus, sempre num diálogo e articulação com as múltiplas instituições do nosso concelho, sejam na área da saúde, de socorro, de apoio social, da segurança social, das empresas, enfim com todas e todos.
É tempo de juntar forças, é tempo de unidade e de cuidar de todas e todos. A resposta na área social é central e têm que ser uma prioridade. Ninguém pode ficar para trás. É preciso garantir o apoio aos nossos idosos de forma a assegurar a sua alimentação e medicação, as refeições para crianças e famílias carenciadas não podem faltar. São tempos em que todas e todos têm que ter uma habitação.
Os desafios são múltiplos neste momento de crise. São as instituições de proximidade o garante de uma resposta rápida e necessária. Os órgãos municipais e de freguesias têm hoje um papel central no garante da prestação dos serviços públicos municipais fundamentais para que a nossa comunidade funcione. O desafio é grande, mas estou convicto que estamos à altura e sairemos vitoriosos.
Termino reafirmando que este é o momento de trabalhar com todas e todos e não olhar para diferenças e protagonismos, todos somos importantes e necessários. O Bloco de Esquerda reafirma a sua postura de sempre, podem contar connosco, a prioridade das nossas preocupações é cuidar da nossa população.
Vereador Luís Gomes
Salvaterra de Magos, 18 de março de 2020