Nuno Monteiro intervêm na Assembleia Municipal e questiona Presidente da Câmara
"Boa noite.
Cumprimento o Sr. Presidente da Assembleia e a respectiva mesa, Sr. Presidente da Câmara, Vereadoras e Vereadores, Sras. e Srs. deputados, funcionários do município e público presente.
Não posso deixar de começar por assinalar a forma como decorreu a última sessão ordinária desta Assembleia, não pelos
conteúdos discutidos, porque esses já tiveram o seu tempo e espaço de debate, mas pela forma como essa discussão decorreu essencialmente no período antes da ordem do dia. Começo por manifestar a incompreensão, com a insatisfação demonstrada por alguns deputados presentes na demora do debate. O tempo despendido por nós na discussão de ideias divergentes não deve ser visto como tempo perdido, mas como ganho na construção de soluções melhores, penso que por vezes esta visão é deturpada com o à vontade da ideia de maioria absoluta.
Acrescentando o facto de estarmos a festejar o aniversário do 25 abril, onde os valores da democracia, da livre opinião, da pluralidade, foram matriz mobilizadora da revolução dos cravos.
Em segundo lugar apelar ao presidente desta Assembleia que a exigência democrática exige um maior equilíbrio, rigor e bom senso na condução dos trabalhos. Bem sei, que já por uma vez um munícipe tentou abordar esta assembleia sobre o seu funcionamento e essa possibilidade lhe foi negada atendendo ao seu histórico de like’s nas redes sociais. Julgo nada me impedir a mim enquanto deputado municipal de o fazer, mas já agora afirmo com toda a convicção que os munícipes devem ter todo o direito de manifestar os seus confortos e desconfortos em relação a esta casa e a quem nela está eleito. Quando nos candidatámos a estas funções e as assumimos sabíamos de antemão que estaríamos sujeitos à critica, é algo que vem no pacote democrático.
Assistimos na passada sessão a alguns momentos menos felizes que em determinadas alturas roçou a indelicadeza,
aproximando-se muito da falta de respeito pelos deputados eleitos, mesmo em minoria. A educação que me foi dada fez com que em toda a minha vida me debate-se pela justiça e pela igualdade, combatendo sempre aquilo que entendo não estar correcto, nesta casa não serei diferente. A bancada do Bloco de Esquerda não cede a pressões e espera que para bem da democracia desta casa nenhuma das outras ceda também.
A nível técnico permita-me Sr. Presidente da Assembleia que lhe chame a atenção de algo que a minha experiência só me
permitiu aperceber depois da sessão terminada, mas que penso ter sido uma incorreção da sua parte. Incorreção essa que eu também assumo por que na altura não me apercebi mas gostava de fazer referência, até pelo que ela alterou.
Estou a referir-me aquando da votação da moção da bancada do Bloco de Esquerda sobre a poluição no rio Tejo, moção essa que a bancada do Partido Socialista inicialmente disse votar favoravelmente, o Sr. Presidente apresenta, como referido em acta, uma posição de principio antes da votação, que em muito se assemelha a uma declaração de voto. Eu até pensava ter sido esse o termo utilizado, infelizmente a única forma de o confirmar seria solicitar a gravação que amanhã já não existe.
Essa declaração fez com que a bancada do PS se transforma-se na bancada “YES MAN” e altera-se o sentido de voto inicial, para o seu.
A minha questão é simples, foi ou não um erro ter apresentado essa declaração, com a intenção de voto antes da votação?
Posto isto, gostava agora de colocar algumas questões ao Sr. Presidente da Câmara.
A primeira em relação às instalações municipais e em concreto ao Pavilhão Municipal da Glória do Ribatejo. Não sendo este caso único, posso referir aqui por exemplo o pavilhão municipal de Salvaterra de Magos que após denúncia do Bloco, a Câmara Municipal procedeu à pintura de metade do edifício, aguardamos ainda pela outra metade.
De qualquer forma e partindo do princípio que o Bloco entende que a manutenção é a melhor forma de garantir que não são necessárias num futuro próximo intervenções de fundo com elevado custo para o Município e sabendo que o Presidente da União de freguesias já lhe fez chegar uma listagem com as intervenções necessárias, a pergunta que lhe coloco é se pretende resolver o problema no seu todo como uma forte intervenção eliminando todos os problemas identificados, ou se vai assumir o formato em que hoje arranja-se uma, amanhã arranja-se outra e para o mês que vem logo se vê. Continuando assim a degradação do Pavilhão.
Depois duas questões sobre o Centro Escolar em Foros de Salvaterra.
Os trabalhos parecem ir lentos e demorados e a primeira pergunta é se tem garantias de que o espaço esteja pronto para
receber o inicio do próximo ano lectivo?
A segunda questão prende-se com a segurança das crianças na deslocação para a escola quando estiver em funcionamento. Embora boa parte das crianças chegue à escola de carro ou em viaturas de transporte colectivo, muitos ainda serão aqueles que farão o seu caminho para a escola a pé. O passeio mais próximo começa junto dos semáforos num passeio recentemente colocado, isto evidencia que o trajecto terá de ser feito pela estrada nacional com bermas sem o mínimo de condições para receber este tipo de tráfego pedonal. Como pensa resolver esta situação?
Deputado eleito do Bloco de Esquerda
Nuno Monteiro
Salvaterra de Magos, 27 de Abril de 2018"