Proposta aprovada por unanimidade

Bloco de Esquerda, através do seu Vereador Luís Gomes fez aprovar por unanimidade proposta de recomendação de uma campanha ambiental em Salvaterra de Magos.

De um modo geral, em Portugal os erros da gestão da flora silvestre são uma constante. Muitas vezes, mal começa a primavera, altura do ano em que muitas espécies da nossa flora e fauna se renovam e reproduzem, vários operacionais ao serviço de autarquias e empresas públicas e privadas, estão a eliminar as ervas espontâneas em flor, um erro repetido todos os anos por empresas como EDP, REN, Infraestruturas de Portugal (IP), Autarquias e Juntas de Freguesia do país inteiro. 

A gestão adequada da flora silvestre, a sua conservação, assim como a conservação da biodiversidade, que inclui insetos polinizadores das culturas hortícolas e árvores de fruto, mas também muitas outras espécies animais co dependentes, é uma das áreas de educação ambiental fundamentais.

Em Inglaterra, projetos como o “No Mow May” pretendem incentivar os jardineiros a deixar os jardins crescer no mês de maio. Desta forma, o desenvolvimento das plantas selvagens poderá fornecer néctar aos insetos.

O ano passado, as pessoas que optaram por não cortar os seus jardins foram recompensadas com plantas raras. Mais de 250 espécies de plantas silvestres, bem como orquídeas foram registadas por jardineiros no ano passado.

Estes resultados demonstram que o apelo feito ao “No Mow May” lançou sementes e criou raízes profundas. Os resultados sublinham como abraçar um pouco mais de vida selvagem nos nossos jardins pode ser um benefício para as plantas, borboletas e abelhas. Plantas consideradas ervas daninhas devem ser bem-vindas nos relvados no verão, acrescentou a instituição, especialmente aquelas como dentes-de-leão, que fornecem néctar importante para os polinizadores.

Claro que não podemos deixar crescer tudo em todo o lado. Tem de haver equilíbrio. É necessário cumprir com o Decreto-Lei n.º 82/2021, de 13 de outubro que Estabelece o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais no território continental.

Para tal, é preciso informar, esclarecer e sensibilizar a população, dos netos aos avós, através dos infantários, escolas básicas, paróquias, centros sociais, agricultores, grupos culturais, ONGs, famílias e juntas de freguesia das práticas corretas. Arrancar as raízes, por exemplo é uma prática nociva aos solos que vão perdendo carbono, e como tal perdem a capacidade de alimentar as plantas.

A nível da atuação do município, nos relvados do nosso concelho, a máquina de cortar relva não deveria trabalhar durante o mês de maio. Não até as flores começarem a murchar. Ano após ano teríamos novas espécies de flores e mais biodiversidade porque estaríamos a respeitar o ciclo de vida da fauna e da flora, ao invés de cortes mecânicos em todo o lado.

Mas é preciso vontade política.  Sessões com a população e investigadores, professores e empresas. É possível fazermos da nossa terra um lugar bonito, saudável, funcional e atrativo, com comunidades vivas (humanas também!) a viver e a trabalhar de acordo com as recomendações internacionais de boas práticas ambientais, seguindo orientações baseadas na investigação científica, para a conservação da Natureza, da qualidade ambiental e da saúde pública. 

Esses procedimentos são os que nos garantem, a médio e longo prazo, continuar a criar valor e abundância, sem perder os benefícios - ou "serviços de ecossistemas" - que a Natureza sempre nos proporcionou, gratuitamente. 

Assim, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, reunida no dia 11 de maio, recomenda:

  1. Adoptar medidas que coloquem em prática a gestão adequada da flora silvestre, a sua conservação, assim como a conservação da biodiversidade.

Vereador do Bloco de Esquerda

Luis Gomes