Vítimas Palestinianas não são reconhecidas pelo Presidente

O Presidente da câmara e restantes vereadores socialistas votaram contra uma moção de repúdio e condenação pela crescente e constante violência nos territórios Palestinianos ocupados. Não bastando esta “bárbara” votação, que condenava a manutenção de um estado permanente de apartheid e um regime de opressão sem limites perpetrado pelo estado de Israel, a maioria socialista ainda tentou usurpar a própria moção do Bloco de Esquerda, apresentada pelo vereador Luís Gomes, para lhe alterar o conteúdo e a forma.

Intervenção de apresentação da moção pelo vereador Luís Gomes em reunião de câmara:

A espiral de violência manifestada em Jerusalém Oriental, bem como nos restantes territórios ocupados por Israel, tem sido imparável desde o passado mês de abril, com confrontos provocados por grupos de extrema-direita israelita e exacerbados pela repressão da polícia israelita, resultando em dezenas de mortos e centenas de feridos, incluindo crianças.

Para além das restrições de circulação e impedimentos de convívio entre fiéis durante o Ramadão, a decisão de um tribunal israelita de expulsar dezenas de palestinianos das suas residências no bairro de Sheikh Jarrah, para estas serem entregues a colonos israelitas, despoletou um movimento de indignação junto à Mesquita de Al-Aqsa, local sagrado do Islão.

Há décadas que está em vigor um regime de apartheid assente numa ocupação ilegal que oprime o povo palestiniano, que com poucos ou nenhuns meios para se defender tenta resistir ao confisco de terras, despejos, violência policial indiscriminada, e corte de acesso a bens essenciais (água, eletricidade, medicamentos) perpetrados pelo Estado de Israel.

Considerar que este é um conflito bilateral entre pares não só legitima a ocupação ilegal israelita da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, mas também normaliza o discurso de Israel que enquadra a resistência palestiniana enquanto terrorismo e encobre o genocídio e a limpeza étnica da Palestina. Deve, por isso, a comunidade internacional reagir firme e inequivocamente perante mais um claro atropelo aos Direitos Humanos e ao Direito Internacional por parte do Estado de Israel.

Deliberação:

Repudiar a crescente violência dos colonos israelitas manifestada em Jerusalém Oriental, instando o governo português a usar todos os instrumentos políticos e diplomáticos ao seu alcance na defesa intransigente dos direitos do povo palestiniano.

O vereador Luís Gomes apresentou declaração de voto relativa então a uma moção apresentada “em cima do joelho” e como resposta à iniciativa do Bloco de Esquerda:

O Bloco de Esquerda abstém-se na proposta apresentada pelo Partido socialista pois considera pura demagogia eleitoralista a proposta improvisada, sem texto e sem coerência política. Apresentada somente por tacticismo político como resposta à iniciativa do Bloco de Esquerda, ao ponto de ser a primeira vez, em final de mandato, que apresenta uma moção sobre qualquer tema da atualidade política. Lamentamos igualmente a falta de coerência política ao não reconhecer a história deste conflito, as posições da esmagadora maioria da comunidade internacional no reconhecimento do território Palestiniano e as práticas devastadoras que o povo Palestinianos é vítima.